quinta-feira, 16 de maio de 2013

sábado, 19 de janeiro de 2013




MINHA LUTA, MINHA VITÓRIA

Era contra um mal que eu lutava.
Contra um mal que (se eu não fosse muito forte) me derrotava.
Eu estava enfraquecida.
Desiludida.
Entristecida.
Mas não queria morrer.
Ainda amava o viver.

Eu tinha algo que podia me salvar.
Meus filhos queridos.
Minha mãe.
E tudo que sempre amei fazer.
Escrever.
Eu ainda podia escrever muito e o fiz.
Hoje posso dizer que sou outra.
Estou viva e sou feliz.


SONIA DELSIN



CHUVA NA JANELA

Os olhos dela.
A chuva na janela.
Tantos anos se passaram e mulher ainda olha apaixonadamente a chuva caindo.
Quanta coisa ela viveu reprimindo.

Deixa a chuva cair...
Ela lava tudo.
Até um sonho tolo que teima em existir.
Quanto inexiste.
Mas isso não pode deixá-la triste.


SONIA DELSIN



NÓS SEMEAMOS E COLHEMOS

A semeadura...
Ó, vida dura!
A colheita é farta pra ti, meu amigo?
Ou te veio foi o castigo?
Dizem que viver é um perigo.


SONIA DELSIN



AONDE O AMOR MORAVA

O que restou do lugar aonde
o amor morava?
Só rancor ali
restava?
A planta má se corta
pela raiz.
A própria vida é
que nos diz...
Aonde o amor morava era um lugar
tão lindo.
Aquele homem vivia
sorrindo...
Mas o amor abandonou aquele recanto.
Foi pra outro canto?
Que desencanto!


SONIA DELSIN



DANÇANDO

Estou dançando.
Rodopiando.
A saia colorida balança.
A madrugada avança.
Estou dançando e o passado eu vou enterrando.
Não vou mais viver chorando.
Estou tão leve agora.
Tanta coisa deixei ir embora.
A música me faz balançar.
Começo a cantar... a girar.
O mundo tanta coisa boa ainda pode me ofertar.
Estou a dançar, a rodopiar...
Não tenho pressa alguma de parar.
Deixem-me dançar... até eu me cansar.


SONIA DELSIN



EU TE INVENTEI

Eu te inventei.
Tua imagem eu criei.
Foi num dia azul.
Não havia uma só nuvem no céu.
Um sol sorria e na minha fantasia eu caprichei.
Te criei.
Todo sorriso e gentileza.
Gosto da beleza.
Te criei pra mim.
Pra minhas horas solitárias.
Por razões várias.
Te inventei.
Quanto nesta invenção eu me dei.
Como mudei.
E hoje me vejo aqui, a buscar a imagem criada.
Não a encontro em canto algum.
Nem na vidraça quebrada.
Nem na calçada.
Foi tudo um sonho e dele eu saí ainda mais machucada.

SONIA DELSIN